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Em primeiro lugar, gostaria de reafirmar algo que todos já sabem: Vampiros e lobisomens são lendas e mitos. As porfirias, porém, são uma realidade – e um assunto muito sério.

Os mitos e lendas em torno de vampiros e lobisomens vêm desde a Antiguidade.  A metamorfose do homem em animais sempre foi bastante explorada. No imaginário popular, essa transformação poderia ocorrer de várias maneiras: castigo, dom, encantamento, magia.

Devido ao medo e superstição, o mito foi criado e cresceu. O tema tem sido explorado intensamente e, de tempos em tempos, retorna com um novo filme ou livro com grande retorno financeiro, graças ao gosto de muitas pessoas pelo sensacionalismo e o sobrenatural

Até hoje não vi ou ouvi nenhum relato verdadeiro de sintomas como palidez e lábios vermelhos em pacientes com porfirias. Talvez essa ligação da doença com o mundo dos vampiros tenha sido originada em função do que ocorre em algumas das porfirias cutâneas, como o aumento da pilosidade nas partes do corpo expostas ao sol. Também na Porfiria Eritropoiética Congênita acontece uma coloração vermelho acastanhada nos dentes e nos ossos. Os portadores de porfirias cutâneas devem se proteger do sol, e o tratamento para uma de suas manifestações é a flebotomia,  retirada de sangue para diminuir o excesso de ferro contido nele.

Já tivemos um longo debate sobre o assunto e a hipótese de ligação entre vampiros e porfiria foi completamente descartada por especialistas médicos de renome.  Houve, e ainda há, muito desgaste dos portadores de porfiria com essa associação irresponsável e inconsequente, como se não bastasse o sofrimento com a própria doença.

Em resumo: Portadores de porfiria não são vampiros. Estes são lendas e, portanto, não sofrem de porfiria.

Ieda Bussmann é presidente da Abrapo (Associação Brasileira de Porfiria) 
www.porfiria.org.br